sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ameaça é de greve


Jornal de Brasília

16/04/2010

Usuários de ônibus do Distrito Federal podem ficar sem transporte público a partir de 1º de maio. Os rodoviários ameaçam entrar em greve caso as reivindi-
cações não sejam atendidas pelas empresas de ônibus da cidade. A paralisação pode atingir cerca de um milhão de pessoas. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrenos de Passageiros Urbanos, Interestaduais, Especiais, Escolares, Turismo e de Carga do DF (Sittrater/DF) preparou recentemente uma pauta de reivindicações. As propostas são de reajuste de 20% nos salários e benefícios (tíquete alimentação e cesta básica), a criação de um plano de saúde de R$ 150 para todos os empregados e até quatro dependentes, um adicional de insalubridade de 30% para os motoristas que trabalham nos veículos mais antigos, com motores na dianteira entre outras. "Estamos pedindo esse reajuste de 20% mantendo nossa série de conquistas", afirma Jorge Farias, vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários.

A pauta de reivindicações elaborada pelo Sittrater/DF atende também funcionários da manutenção. "Pedimos um reajuste na carga horária dos trabalhadores da manutenção dos veículos, de 42 horas para 40 horas semanais, como era antes", completa. Outras reivindicações dos rodoviários são a aquisição de veículos com câmbio automático e a doação de três uniformes por semestre para os funcionários que trabalham nos serviços gerais.

ENQUETE
O que você acha do possível aumento no valor da passagem para evitar greve dos rodoviários? "Eu acho um absurdo aumentar o valor da passagem. Já é a mais cara então não acho que deve aumentar de novo." Tatiana Ferreira, 26 anos, autônoma "É muito ruim. Já falam que aqui é uma das cidades com passagens mais caras e querem aumentar ainda mais." Carliane de Oliveira, 23 anos, auxiliar administrativa "Acho péssimo. Tudo que vem para tirar do bolso da população é ruim, prejudica demais os usuários do transporte . "

Veridiano Batista de Araújo, 63 anos, aposentado "Subir o preço não pode. A passagem já é cara e pra gente que trabalha e usa o transporte todo dia fica muito ruim."  Edivaldo Batista, 38 anos, p e dre i ro

AUMENTO SERIA PRECISO

Na outra ponta da história está o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros e das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros do Distrito Federal (Setransp/DF), que realizou um levantamento em que calculou que para suprir a demanda dos rodoviários, teria de triplicar o preço das passagens. "É um absurdo esses 20%. Eles já tiveram aumento de 11% acima da inflação e nós não temos aumento na tarifa desde 2006", conta Cláudio Diegues, diretor de Planejamento da Viplan e assessor Técnico da Setransp/DF. "Estou aguardando a orientação do Sindicato para saber como agir", completa. De acordo com o levantamento, o reajuste salarial somado aos aumentos dos benefícios nos últimos cinco anos chegam a 35,72%, aproximadamente, o que daria 11 pontos percentuais acima da inflação no mesmo período (24,82%). Os dados comparativos são de acordo com os Índices Nacionais de Preço ao Consumidor (INPC).

FROTA RESERVA
O Dftrans desconhece a informação e diz estar preparado caso os rodoviários entrem em greve. Por meio de sua assessoria, o órgão informou que não está sabendo da possibilidade de greve e que caso aconteça, uma frota reserva de ônibus será colocada nas ruas. No Distrito Federal os motoristas de ônibus ganham R$ 13,74 por hora trabalhada e os cobradores R$ 9,31. Em Porto Alegre, onde é pago o segundo melhor salário do país, motoristas ganham R$ 11,75 por hora enquanto os cobradores recebem R$ 8,42. Entretanto, a carga horária semanal é de 43h. Em Curitiba, onde a carga horária é a mesma de Brasília, os motoristas recebem R$ 10,56 por hora e os cobradores R$ 6,85. Dentre todas as capitais do país, apenas Brasília e Curitiba exigem uma carga de 36h semanais dos motoristas e cobradores, o restante trabalha com uma carga mínima de 40h por semana.
A frota de ônibus do Distrito

Federal hoje é de 2.818 veículos para atender mais de 30 milhões de usuários por mês. O último aumento dado aos rodoviários foi em maio de 2009, quando a categoria conseguiu 8,94%.

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