CORREIO BRAZILIENSE
02/06/09
Usuários contam como é o dia a dia de quem anda de ônibus no DF. Uma das principais reclamações é o atraso nos horários das linhas
O relógio nem marca 7h e a estudante Vivia Vieira Soares, 33 anos, está de pé. Moradora de Samambaia Norte, ela gasta meia-hora para ficar pronta, tomar café e ir para a rua. A caminhada até o ponto de ônibus dura cerca de cinco minutos. Ou seja, pouco antes das 7h30, a estudante está na parada. Mas o que trava a vida dela e já se tornou alvo de reclamações no Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) é a linha 372.2, da Viplan, que sai de Samambaia com destino à Taguatinga. “Chego tarde todos os dias no meu curso porque o ônibus está sempre atrasado. Às vezes, não tenho paciência de esperar e pego outro que para na Avenida Samdu. Aí tenho que caminhar dois quarteirões, mas pelo menos, chego menos atrasada na aula”, comenta Vivia, que na quinta-feira passada conseguiu pegar o ônibus às 8h30, uma hora depois de chegar na parada.
Como Vivia, cerca de 500 mil pessoas utilizam, por dia, os ônibus e micro-ônibus no Distrito Federal. Ao todo, são 2.848 veículos — alguns bem mais rodados do que outros — que têm como função levar e trazer o passageiro ao destino dele. O Correio foi às ruas para ouvir os usuários e acompanhar a rotina deles. E não faltaram reclamações: falta de linhas, atrasos dos ônibus, itinerários piratas e má condições dos veículos são alguns dos problemas que o passageiro encara ao sair de casa.
Por causa do transtorno diário, a estudante Vivia já ligou algumas vezes na garagem da Viplan e fez reclamações no telefone 156 do DFtrans. “Pagamos caro por uma viagem sem conforto algum, feita por ônibus velhos e com motoristas e cobradores que não tratam bem o usuário”, critica. Descrente, ela planeja ir ao curso com um colega que mora perto. “Vou gastar mais para dividir o combustível, mas não correrei o risco de perder aula”, acredita ela.
Organização
De acordo com o diretor-geral do DFTrans, Paulo Munhoz, os atrasos no sistema de transporte público do Distrito Federal têm um vilão: o congestionamento nos horários de pico (entre 5h30 e 9h e das 17h30 às 19h30). Segundo ele, as vias do DF não foram planejadas para receber o volume diário de 1,1 milhão de veículos, e portanto, as ruas viram um perfeito afunilador do tráfego. “A partir da implantação dos corredores exclusivos para os ônibus teremos um sistema de transporte mais organizado e moderno”, afirma ele.
Lotada no Ministério da Educação, a servidora pública Lúcia Helena Barbosa, 50 anos, é uma defensora da ideia. Todo dia, ao sair do trabalho, ela cruza a Esplanada em direção à parada do Ministério da Cultura. Faz isso para conseguir um lugar no ônibus de volta para casa. “É muito fácil culpar os engarrafamentos pela falta ou atrasos dos ônibus.Se fico na parada perto do meu serviço, tenho que ir em pé até Taguatinga. Por isso, atravesso a rua”, rebate ela.
A funcionária do Ministério da Educação é uma das vítimas da linha 900 e 900.1, que faz o itinerário Esplanada dos Ministérios–Taguatinga Sul, operada pela Planeta. Lúcia Helena diz que há três semanas os ônibus que passavam às 17h10 e 17h50 pararam de passar. Mas na tabela horária da companhia, disponibilizada no site do DFtrans (www.dftrans.df.gov.br), não houve mudança. Ela ficou sabendo, pela reportagem, que os horários tinham sido antecipados pela empresa, sem consultar o DFtrans. O ônibus das 17h10 agora passa às 16h50, e o ônibus das 17h50 passa às 17h30. “É por isso que não faço compromissos antes das 20h30, horário máximo que me permito chegar
A auxiliar administrativo Maria de Alves Pires, 28 anos, também sofre com os horários incertos da linha 900. Ontem à noite, ela ficou quase uma hora esperando o ônibus. Ela chegou às 17h20 na parada em frente ao Ministério da Cultura e só conseguiu pegar o ônibus às 18h30. Estudante de um curso de técnica bucal
Segundo o DFTrans, a Esplanada dos Ministérios conta com 14 linhas, que saem da Rodoviária do Plano Piloto, com 283 viagens por dia. No entanto, depois das 19h40, a única alternativa legal são os táxis.
As mais problemáticas
Confira as linhas que o DFTrans recebe mais reclamações dos usuários
Linha - Itinerário - Empresa
213 (Gama Oeste destino L2 Sul-Norte) Cootarde
217.2 (Gama Leste-Sul destino W3 Norte) Viplan
221.1 (Gama Oeste destino Rodoviária do Plano Piloto) Viplan
225 (Gama destino Setor O) Viação Planeta
343 (Ceilândia/Setor O destino Rodoviária Plano Piloto) Viação Cidade Brasília
344 (Ceilândia/Setor P Norte destino Taguatinga Sul) Viação Pioneira
346 (Ceilândia/Setor P Norte destino Núcleo Bandeirante) Viação Pioneira
372.2 (Samambaia Norte destino Taguatinga) Viplan
373 e 373.2 (Samambaia Norte destino Rodoviária Plano Piloto) Viplan
379 (Ceilândia/Setor O destino W3 Norte) Viação Cidade Brasília
394 e 394.1 (Samambaia Sul destino Rodoviária Plano Piloto) Viplan
501 (Sobradinho destino Eixo Norte-Sul) Viação Viva Brasília
501.2 (Sobradinho destino Eixo Norte-Sul) Viplan
512 (Sobradinho destino W3 Norte-Sul) Rápido Brasília
516 (Sobradinho destino Rodoviária do Plano Piloto) Viplan
519 (Sobradinho destino Eixo Norte-Sul) Viação Viva Brasília
600.2 (Planaltina destino Eixo Norte-Sul) São José/Viplan
600.5 (Planaltina estância destino Eixo Norte-Sul) São José
604.1 (Planaltina destino Rodoferroviária) Viação Viva Brasília
620 (Planaltina—Eixo Norte destino Rodoviária do Plano Piloto) Rápido Brasília/São José/Viplan
620.3 (Planaltina tradicional destino Rodoviária do Plano Piloto) Rápido Brasília
900 e 900.1 (Esplanada dos Ministérios destino Taguatinga Sul) Viação Planeta
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