Renato Alves Da equipe do Correio
Ronaldo de Oliveira | | Ônibus novo ao lado de antigos na rodoviária do Plano Piloto: frota em operação da TCB caiu de 66 para 44 |
Há mais de um ano, o governador Joaquim Roriz anunciou a privatização da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) — a estatal de ônibus — e a extinção do Departamento Metropolitano de Transportes Urbanos (DMTU). A idéia foi aprovada pela Câmara Legislativa. A partir daí, os órgãos perderam suas fontes de renda e passaram a dar mais prejuízos ao governo. No caso da TCB, o governador já sancionou dois decretos. Um deles, no final de dezembro, autoriza o repasse das linhas da estatal à iniciativa privada por meio de uma concessão de 30 anos. No outro, assinado no início de janeiro, está prevista a venda de todo o patrimônio da empresa, o que inclui as garagens, móveis, ônibus e linhas. Desde que Roriz anunciou a privatização da TCB, o quadro se agravou na empresa. As suas melhores linhas foram passadas para empresas privadas, como a Expresso São José e a Viva Brasília, do senador Valmir Amaral (PMDB). Com isso, nos últimos 12 meses o número de ônibus em operação caiu de 66 para 44. O prejuízo em 2001 passou dos R$ 4,5 milhões. A dívida com fornecedores é de R$ 2 milhões. Sem comprar pneus e peças para os ônibus, a saída para consertar os veículos é tirar o que é aproveitável da frota da própria empresa. Gastos Contrariando o quadro financeiro negativo, o diretor presidente da TCB, Manoel Neto, não economiza nos gastos. No ano passado, ele comprou três carros — dois Santanas e um Gol — para a diretoria por R$ 47 mil. Além disso, construiu auditório e consultórios médicos e dentários novos, apesar de existirem outros maiores na sede da empresa. Estes acabaram desativados. Neto também não economizou com o funcionalismo. No último ano, ele aumentou o número de cargos de confiança de 42 para 47. Esses funcionários ganham, juntos, R$ 100 mil por mês, um quarto do que a empresa arrecada. Entre os funcionários está a irmã mais velha do presidente da TCB, Cátia Costa de Oliveira, que ganha R$ 2.819 no cargo de chefe de assessoria de planejamento. Desde o decreto assinado em dezembro, o GDF assumiu cerca de 1.000 funcionários — a maioria contratada sem concurso público — e uma folha de pagamento de quase R$ 1 milhão. Mesmo com o quadro caótico, está prevista uma festa na TCB em março. O evento marcará a despedida de Manoel Neto, que deixará o cargo para concorrer a uma vaga na Câmara Legislativa pelo Partido Trabalhista Cristão. Neto se recusou a dar entrevista. ‘‘Esses números são mentirosos’’, respondeu, sem apresentar os dados que considera reais. As informações a que ele se referiu fazem parte dos balancetes da TCB de janeiro a novembro de 2001, assinados pelo próprio Neto.
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